O ESG (Environmental, Social, and Governance), no mundo empresarial de hoje, está ganhando cada vez mais relevância. Mas, o que realmente significa ESG e por que está se tornando tão importante para empresas de todos os tamanhos, incluindo pequenas e médias empresas? Este artigo desvendará as complexidades do real significado do ESG, explicando seu surgimento, como ele funciona e o seu papel transformador no cenário empresarial global.
O que é ESG
ESG é um acrônimo que representa as palavras em inglês para Environmental, Social, and Governance (Ambiental, Social e Governança, em português). No Brasil, o acrônimo ESG também tem sido utilizado como ASG. Esse conceito refere-se à responsabilidade das empresas quanto aos impactos de suas operações em relação ao meio ambiente (E), à sociedade (S) e a sua governança interna (G). Os investidores e stakeholders estão cada vez mais prestando atenção na forma como as empresas abordam esses três pilares do ESG, pois acredita-se que ações baseadas nestes princípios são fundamentais para determinar o sucesso e a perenidade de uma organização.
Isto porque o ambiente em que as empresas estavam acostumadas a operar já não é mais o mesmo. Assim, o risco da sustentabilidade também é um risco de investimento, uma vez que os recursos necessários para as atividades das empresas estão se tornando cada vez mais escassos.
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As Alterações Climáticas e os Riscos ESG para as empresas
Os impactos das alterações climáticas não afetam apenas a sociedade de forma geral. Isto porque estas alterações climáticas também estão trazendo verdadeiros desafios para as empresas que lutam para sobreviver em cenário de mudanças aceleradas e de profunda complexidade nas tomadas de decisão.
O cenário global das mudanças climáticas está baseado no aumento das temperaturas médias da Terra. Esse aumento da temperatura está trazendo consequências ambientais e sociais a um ponto de não retorno. Isso porque, o acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera, resultado das nossas atividades humanas tem contribuído para o aquecimento do planeta. Desta forma, estamos presenciando eventos climáticos extremos como, por exemplo, ondas de calor, secas prolongadas, tempestades mais intensas e elevação do nível do mar.
Essas mudanças climáticas têm impactos negativos significativos em ecossistemas, nos recursos naturais e na sociedade como um todo. As regiões costeiras estão particularmente vulneráveis ao aumento do nível do mar, o que vem ameaçando cidades litorâneas e ecossistemas costeiros inteiros. Além disso, a diminuição da disponibilidade de água doce devido à diminuição das chuvas e ao derretimento das geleiras afetam a segurança hídrica de muitas comunidades. De toda a água disponível no mundo, apenas 2.5% é doce.
Assim, a comunidade científica e os governos de todo o mundo têm reconhecido a urgência numa atuação mais concreta para combater este cenário. Para isto, estes agentes estão buscando mitigar os impactos negativos no nosso planeta por meio de ações e políticas para a redução das emissões de gases de efeito estufa e da adaptação a novos cenários climáticos. O Acordo de Paris, com vários países signatários, estabeleceu metas globais para limitar o aumento da temperatura média global a 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.
Consequências do Aumento da Temperatura Terrestre
Ondas de calor intensas: Aumento das temperaturas médias resultando em períodos prolongados de calor extremo em várias regiões.
Secas prolongadas: Redução da quantidade de chuvas e falta de água, afetando a disponibilidade de recursos hídricos e a agricultura.
Tempestades mais intensas: Aumento na frequência e intensidade de tempestades tropicais e ciclones, causando inundações e danos significativos.
Derretimento de geleiras: O aquecimento global tem levado ao derretimento acelerado de geleiras e calotas polares, contribuindo para o aumento do nível do mar.
Aumento do nível do mar: O derretimento das geleiras e expansão térmica dos oceanos têm elevado o nível do mar, ameaçando comunidades costeiras.
Incêndios florestais intensos: Aumento da frequência e gravidade de incêndios florestais devido às condições secas e temperaturas mais altas.
Acidificação dos oceanos: O aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera tem levado à acidificação dos oceanos, prejudicando a vida marinha.
Mudanças nos padrões de migração de animais: Alterações climáticas têm afetado os padrões de migração de muitas espécies, impactando ecossistemas e cadeias alimentares.
Perda de biodiversidade: Mudanças climáticas têm contribuído para a perda de habitats e, consequentemente, a redução da biodiversidade.
Eventos climáticos extremos regionais: Inundações, deslizamentos de terra e tempestades mais intensas têm sido observados em várias partes do mundo devido às alterações climáticas.
Para aprender mais: Documentários sobre Sustentabilidade
Uma verdade inconveniente (2006)
- Home (2009)
- Lixo Extraordinário (Waste Land) (2010)
- Perseguindo o Gelo (Chasing Ice) (2012)
- Seremos História? (2016)
- Em Busca dos Corais (2017)
- Cowspiracy: O segredo da sustentabilidade (2014)
- Nosso Planeta (2019)
- Paradise em Chamas (2019)
- Solo Fértil (2020)
- A Terra no Limite: A Ciência do Nosso Planeta (2021)
Integração do ESG nas Empresas: como funciona
O ESG nas Empresas é uma ferramenta de avaliação que mede o compromisso e o desempenho da organização em relação às questões ambientais, sociais e de governança. As empresas que se destacam no ESG costumam ter melhores práticas de gestão, minimizam os impactos negativos no meio ambiente e contribuem de forma positiva para a sociedade. Estes fatores são cada vez mais considerados na tomada de decisões de investidores, que vêem na atuação responsável uma forma de mitigar riscos e potencializar retornos.
As empresas que adotam boas práticas ESG conseguem reduzir custos, otimizar processos e possuem melhor reputação entres seus stakeholders e shareholders. Assim, o ESG é um retrato temporal dos esforços e do progresso das empresas em relação a estas boas práticas. Além disso, o ESG representa um grande potencial de inovação estratégica, uma vez que as empresas que assumem esses compromissos se destacam da concorrência e conseguem perpetuar seus negócios no longo-prazo.
ESG como implementar nas Empresas
Agora que está claro o que é o ESG, a grande pergunta é: Como implementar ESG na minha empresa? A maior dúvida dos negócios é saber exatamente por onde começar o ESG. Primeiramente, as grandes empresas devem entender o ESG de maneira mais abrangente, compreendendo investimentos estratégicos de longo-prazo.
De maneira mais geral, para implementar o ESG nas empresas, é preciso:
- Assumir os Compromissos
- Comunicar e Engajar com Shareholders e Stakeholders
- Entender o Modelo De Negócios para alinhar os Indicadores ESG Prioritários para a atividade
- Definir os Indicadores ESG Prioritários
- Definir Objetivos e Metas Claras a partir de um Plano Ação
- Definir as responsabilidades para execução do Plano de Ação
- Comunicar de maneira transparente os resultados em um Relatório de Sustentabilidade.
Em conclusão, o ESG deve ser compreendido como um processo contínuo, um compromisso e uma nova forma de fazer negócios; não uma linha de chegada. As empresas que desejam minimizar os seus impactos negativos, devem definir indicadores que estejam ligados diretamente à atividade para mensurar de maneira adequada os seus progressos em ESG.
Como funciona o ESG para PMEs
Embora possa parecer que o ESG é mais relevante para grandes empresas, na verdade, pequenas e médias empresas também têm muito a ganhar adotando práticas de ESG.
Para as PMEs, o ESG pode ser uma maneira eficaz de ganhar vantagem competitiva, melhorar a reputação e acessar investimentos e financiamentos. Por exemplo, a adoção de práticas ambientalmente amigáveis pode resultar em redução de custos, enquanto uma forte governança pode construir a confiança dos clientes e parceiros e cumprir com requisitos regulatórios vigentes.
Ainda que a abordagem ESG seja a mesma para empresas de todos os portes, existem especificidades na implementação ESG para as PMEs.
ESG: Como implementar em PMEs
Enquanto para as grandes empresas práticas ESG sejam mais ligadas a estratégias e oportunidades a longo prazo, para as PMEs o trabalho em ESG deve ser mais tático. Uma vez que as PMEs possuem recursos mais limitados para adotar práticas ESG, a implementação pode parecer muito difícil.
No entanto, as PMEs devem focar seus esforços em entender seus indicadores a partir do modelo de negócios e na priorização destes mesmo indicadores a partir da visão dos stakeholders mais prioritários.
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Como surgiu o conceito de ESG
Apesar da palavra ESG ter ganhado maior destaque nos últimos anos, o conceito de ESG não é exatamente novo. No mundo dos negócios o conceito de Responsabilidade Social Corporativa já existia antes de falarmos especificamente em ESG. Neste sentido, a Responsabilidade Social Corporativa já dizia respeito aos compromissos das empresas em atuar de uma maneira que beneficie não apenas seus acionistas, mas também seus colaboradores, consumidores, a comunidade e o meio ambiente.
O ESG começou a ganhar destaque na década de 2000, quando o então Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, convidou mais de 50 CEOs de grandes instituições financeiras para desenvolverem iniciativas de incorporação de questões ambientais, sociais e de governança em seus negócios. A iniciativa resultou na criação dos Princípios para o Investimento Responsável (PRI). Desde então, o ESG tem evoluído e se tornando cada vez mais relevante para investidores e empresas em todo o mundo que desejam ser perenes no longo prazo.
Como podemos ver, o ESG é muito mais que um simples conjunto de iniciativas. Em verdade, ele representa uma mudança fundamental na maneira como as empresas operam, trazendo consigo o olhar para um futuro mais sustentável. Seja um grande investidor, um empresário PME ou um simples consumidor, é essencial entender que o ESG é fundamental para navegar no mundo dos negócios do século 21.
A Carta do CEO da maior gestora de fundos do mundo sobre ESG, a Black Rock
A carta de Larry Fink, CEO da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, foi um alerta vermelho para o mundo corporativo. Nesta carta de 2020, Larry Fink reiterou o compromisso da BlackRock com a sustentabilidade, destacando o ESG como um componente essencial para o sucesso do investimento a longo prazo.
Em declaração, Larry Fink disse que a BlackRock iria começar a excluir dos seus fundos as empresas que apresentavam “risco elevado de sustentabilidade”. Ou seja, empresas que não estão atuando em conformidade com os critérios ESG. Assim, Larry Fink também prometeu que a BlackRock iria dobrar sua oferta de fundos ESG e trabalhar para aumentar a transparência e padronização nas métricas de ESG. Desta forma, tornando mais fácil para os investidores entenderem exatamente como suas escolhas de investimento afetam o mundo ao seu redor.
Essa mudança de foco em direção ao ESG foi justificada pela percepção crescente de que a mudança climática e a sustentabilidade ambiental não são apenas desafios sociais, mas também desafios que representam riscos econômicos. As empresas que não conseguem se adaptar ou mitigar esses riscos podem enfrentar uma série de consequências negativas, desde danos à reputação até impactos financeiros significativos.
Portanto, a carta de Fink marcou um ponto de inflexão importante no ecossistema financeiro, demonstrando que a sustentabilidade e o ESG deixaram de ser conceitos periféricos para se tornarem centrais nas decisões de investimento. Assim, a BlackRock enviou uma mensagem clara: a gestão eficaz de questões ambientais, sociais e de governança não é mais uma opção, mas uma necessidade para o sucesso a longo prazo.
Quais são os fatores ESG
Os fatores ESG se dividem em três categorias principais: Ambiental (Environmental), Social (Social) e Governança (Governance).
- Ambiental: Fatores que estão relacionados ao impacto ambiental de uma empresa. Por exemplo: emissões de carbono, uso de energia renovável, gestão de resíduos, conservação da água, proteção da biodiversidade.
- Social: Estes fatores se referem ao modo como a empresa lida com as pessoas – tanto a partir dos seus colaboradores quanto na comunidade impactada pelas atividades. Por exemplo, práticas de trabalho justas, saúde e segurança, direitos humanos, diversidade, inclusão e relacionamento com a comunidade.
- Governança: Esses fatores tratam da forma como a empresa é dirigida. Aspectos importantes incluem, por exemplo, a estrutura do conselho de administração, a compensação executiva, a corrupção, a transparência, a qualidade do gerenciamento e os direitos dos acionistas.
Quais são os Princípios ESG
Os princípios ESG têm o objetivo de orientar as empresas na incorporação de práticas de sustentabilidade. Estes princípios abordam questões como transparência, prestação de contas, gestão de riscos e a consideração de todas as partes interessadas na tomada de decisões. Além disso, devem encorajar a promoção da diversidade e da inclusão, o respeito aos direitos humanos e a proteção ao meio ambiente.
ESG: Vantagens para as empresas
Como já foi abordado, empresas com práticas ESG conseguem reduzir custos, aumentar produtividade, aumentar a retenção de trabalhadores, acessar investimentos e melhorar a reputação do negócio diante dos consumidores.
Vamos conhecer somente mais algumas delas:
- Melhor reputação: As empresas que aderem aos princípios ESG podem melhorar sua reputação entre os consumidores, investidores e a comunidade.
- Acesso a investimentos: Muitos investidores estão cada vez mais considerando os fatores ESG em suas decisões, o que significa que as empresas com forte desempenho ESG podem ter acesso a mais oportunidades de investimento.
- Resiliência: Empresas que consideram questões de ESG tendem a ser mais resilientes a crises e estão melhor preparadas para lidar com riscos a longo prazo, como mudanças climáticas e desigualdade social.
- Eficiência: Muitas práticas ESG, como a redução de resíduos e a eficiência energética, também podem levar a economias de custos.
O que são os Indicadores ESG
Os indicadores ESG são as métricas usadas para medir o desempenho de uma empresa em relação aos fatores ESG. A quantidade de indicadores dentro do ESG é enorme, mas as empresas devem focar naqueles indicadores que estão diretamente ligados à atividade e os quais possam ser medidos dentro do Plano de Ação. Assim, os indicadores vão variar e depender do setor em que as empresas estão inseridas.
Abaixo, listamos alguns indicadores gerais para cada letra do ESG:
Categoria | Indicadores |
Ambiental | Emissões de gases de efeito estufa |
Consumo de água | |
Uso de energia (especificamente energia renovável) | |
Gestão de resíduos e uso de materiais recicláveis | |
Impacto na biodiversidade | |
Social | Satisfação dos funcionários |
Taxa de acidentes de trabalho | |
Diversidade e inclusão (gênero, raça, etc.) | |
Condições de trabalho | |
Direitos humanos e envolvimento com a comunidade | |
Governança | Estrutura e diversidade do conselho |
Práticas de remuneração | |
Transparência e relatórios | |
Conformidade regulatória | |
Gestão de riscos e corrupção |
Esses indicadores podem ser usados por investidores e outras partes interessadas para avaliar o desempenho ESG de uma empresa e tomar decisões informadas. Neste sentido, alguns empresários devem se deparar com alguns novos conceitos como Materialidade e Dupla Materialidade. Vamos agora entender o que são a Materialidade e a Dupla Materialidade.
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Materialidade e Dupla Materialidade para as Empresas
A materialidade é um princípio fundamental na contabilidade e na elaboração de relatórios, que determina a relevância e importância de uma informação para as decisões das empresas e shareholders. Os responsáveis e colaboradores do setor financeiro de uma empresa já estão acostumados com o termo “Materialidade”. Ou seja, existe a materialidade para relatórios financeiros e, agora, vamos entender a materialidade para relatórios de sustentabilidade.
Para abordagem da sustentabilidade dentro de uma empresa, a materialidade vai ser referir aos problemas ambientais, sociais e de governança que são relevantes para o desempenho financeiro, operacional e de reputação de uma empresa. Isso pode variar consideravelmente de uma empresa para outra, com base em fatores como setor, localização, estratégia e valores da empresa. Isto significa que a materialidade possui uma abordagem conhecida como inside-out, ou, de dentro para fora.
A Dupla Materialidade
Assim, o entendimento de Dupla Materialidade começa a fazer mais sentido. A dupla materialidade é um conceito mais recente que amplia o escopo conhecido da materialidade para incluir não apenas os impactos das questões ESG no desempenho da empresa (materialidade financeira), mas também os impactos da empresa sobre essas questões (materialidade externa). Ou seja, aqui, a abordagem não parte apenas do inside-out, mas abrange também para o conceito de outside-in.
Desta forma, a dupla materialidade reflete a crescente conscientização de que as empresas têm responsabilidades que vão além de seus próprios interesses financeiros Assim, a dupla Materialidade inclui também o bem-estar social e do meio ambiente em geral. Em outras palavras, a dupla materialidade reconhece que o desempenho de uma empresa não é apenas afetado por questões ESG, mas também tem o potencial de impactar significativamente as questões socioambientais.
Portanto, sob o princípio da dupla materialidade, as empresas são incentivadas a considerar tanto como as questões ESG podem afetar seu desempenho, quanto como suas ações podem impactar o mundo ao seu redor. Em conclusão, utilizar a abordagem da dupla materialidade permite fornecer uma visão abrangente e equilibrada da posição de uma empresa em relação à sustentabilidade.
Como saber meus indicadores ESG
Assim como foi mencionado anteriormente, os indicadores ESG de uma empresa devem estar conectados às atividades de uma empresa dentro de um determinado setor. Ademais, a abordagem deve considerar o conceito da Dupla Materialidade para que o plano de ação ganhe relevância, possua objetivos alcançáveis e metas mensuráveis.
“O que não pode ser medido, não pode ser gerenciado.”
William Edwards Deming
A etapa de seleção de indicadores ESG vai depender do setor, porte, tipo de atividade, localização, entre outros – Anteriormente, citamos o Modelo de Negócios como uma ferramenta útil para começar o processo de definição de indicadores. A fim de compreender quais indicadores ESG podem ser utilizados, alguns standards e frameworks de abrangência global estão disponíveis. Este é o caso de algumas organizações, como a Global Reporting Initiative (GRI) e o Sustainability Accounting Standards Board (SASB), que fornecem listas de indicadores ESG que as empresas podem considerar como guias para saber os indicadores ESG. Existem ainda algumas ferramentas gratuitas ESG para análise de indicadores ESG por setor. A Morgan Stanley Capital International. (MSCI) possui a ferramenta ESG Industry Materiality Map que também é bastante útil para base de indicadores.
Depois de identificar os indicadores ESG relevantes para o negócio, é o momento de coletar os dados necessários para as evidências ESG. Esta tarefa envolve a coleta de informações sobre emissões de carbono, consumo de energia e água, práticas de diversidade e inclusão, composição do conselho de administração, entre outras. Finalmente, realizada a coleta dos dados, as empresas precisam avaliar esses dados para entender o seu desempenho em relação a cada indicador, envolvendo também uso de ferramentas estatísticas e comparações de desempenho com benchmarks do setor.
Diferenças entre ESG e Sustentabilidade
Durante a leitura do nosso artigo, citamos várias vezes as palavras ESG e Sustentabilidade, mas você sabe quais as diferenças entre ESG e Sustentabilidade?
De forma geral, a sustentabilidade se refere à capacidade de uma empresa de operar de maneira que não esgote os recursos naturais e seja perene a longo prazo. Normalmente, a Sustentabilidade está mais focada no aspecto ambiental, embora também possa englobar questões sociais. Não existe uma definição única para Sustentabilidade, mas citamos a definição da ONU para o que é sustentabilidade: Sustentabilidade é a satisfação das necessidades do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.
Em outras palavras, é o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, social e ambiental, buscando atender às necessidades humanas sem esgotar os recursos naturais e sem prejudicar o meio ambiente.
Por outro lado, o ESG é um termo mais abrangente que inclui não apenas a visão de sustentabilidade ambiental, mas também considera questões sociais (como direitos humanos e igualdade de trabalho) e de governança (como transparência corporativa e ética). O ESG é uma estrutura ampla para avaliar as práticas empresariais que permitem a sustentabilidade. Assim, é possível considerar que a prática ESG funciona como o business case da Sustentabilidade.
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Relatórios de Sustentabilidade
Os Relatórios de Sustentabilidade são os documentos publicados por empresas para comunicar aos seus stakeholders o desempenho e os impactos das suas atividades nas dimensões econômica, social e ambiental. Estes relatórios fornecem uma visão mais abrangente de como uma empresa está progredindo e se comprometendo com diversos desafios relacionados à sustentabilidade. Assim, os relatórios de sustentabilidade são uma fotografia de todo o processo das empresas que estão em uma jornada ESG.
Como fazer relatórios de sustentabilidade
Para fazer relatórios de sustentabilidade, as empresas devem realizar todos os passos anteriores já citados, como o diagnóstico de materialidade, a seleção de indicadores ESG relevantes à atividade da empresa e a definição de um plano de ação com metas alcançáveis e mensuráveis.
Assim, os dados e informações são então organizados em um formato de relatório que deve ser fácil de compreender e apresentado em um documento que seja acessível a todos os seus stakeholders.
Principais frameworks e standards para Relatórios de Sustentabilidade
Existem vários frameworks e standards (padrões) ESG que as empresas podem usar para orientar na elaboração dos seus Relatórios de Sustentabilidade. Alguns dos mais conhecidos incluem as diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI), que fornecem um conjunto abrangente de indicadores e princípios para reportar sobre uma variedade de questões ESG, as recomendações do Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), que focam especificamente em divulgações financeiras relacionadas ao clima. Há um série de outros frameworks ainda como o SASB, IIRC e o CDP.
Exemplo de Relatório de Sustentabilidade
Um exemplo clássico de relatório de sustentabilidade é o apresentado anualmente pela empresa IKEA, a multinacional sueca conhecida por seus móveis e soluções de design doméstico. Em seus relatórios, a IKEA não apenas destaca suas iniciativas para tornar seus produtos mais sustentáveis, como também apresenta os avanços em suas metas de utilização de madeira proveniente de fontes renováveis. Além disso, a empresa relata o progresso em sua iniciativa de energia renovável, buscando não apenas reduzir sua pegada de carbono, mas também tornar-se “positiva em termos de clima”, gerando mais energia renovável do que consome em suas operações até 2030.
Assim, uma empresa pode, por exemplo, relatar em seu Relatório de Sustentabilidade que reduziu suas emissões de carbono em 20% no último ano, aumentou a diversidade em seu conselho de administração ou investiu em um projeto comunitário local.
Outro exemplo é o relatório de sustentabilidade da Coca-Cola Company. Em seus relatórios anuais, a empresa delineia seus esforços para reduzir as emissões de carbono em toda a sua cadeia de suprimentos, bem como suas iniciativas para garantir que todas as embalagens sejam recicláveis. A Coca-Cola também aborda seu compromisso com a gestão sustentável da água, reconhecendo a água como um recurso essencial não apenas para sua produção, mas também para as comunidades em que opera. Deste modo, a empresa estabelece metas claras de reabastecimento de água e relata seu progresso anualmente.
Relatório de Sustentabilidade Legislação
Em muitos países, a produção de relatórios de sustentabilidade é regulamentada por lei. Por exemplo, na União Europeia, através da Diretiva de Divulgação de Informações Não Financeiras exige que as grandes empresas publiquem relatórios anuais de sustentabilidade. A legislação varia de país para país, portanto, as empresas devem estar cientes das regulamentações locais.
Importância do Relatório de Sustentabilidade
Os relatórios de sustentabilidade são importantes porque permitem que as empresas demonstrem transparência, responsabilizem-se por seus impactos e comuniquem seus progressos em relação aos objetivos de sustentabilidade. Estes Relatórios de Sustentabilidade também fornecem informações valiosas para investidores, consumidores, funcionários e outros stakeholders que desejam tomar decisões informadas.
O que é o GRI?
O Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização internacional que desenvolveu um dos padrões mais amplamente utilizados para relatórios de sustentabilidade dentro das corporações. As diretrizes do GRI fornecem um framework para empresas reportarem de forma consistente e comparável seus impactos econômicos, ambientais e sociais.
O que é o TCFD?
O Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD) é uma iniciativa do Conselho de Estabilidade Financeira, que desenvolveu recomendações para que as empresas divulguem informações financeiras relacionadas ao clima. O objetivo do TCFD é permitir que os mercados avaliem corretamente os riscos e oportunidades relacionados ao clima.
Carreiras em ESG: Como trabalhar com ESG
Trabalhar com ESG é tornar-se parte de um movimento global que prioriza a integração das considerações ambientais, sociais e de governança nas operações das empresas. À medida que a conscientização sobre as questões de sustentabilidade continua crescendo, as Carreiras em ESG estão se expandindo rapidamente.
O papel do CSO nas empresas
O CSO, do inglês, Chief Sustainability Officer, é um líder executivo encarregado de integrar e supervisionar práticas sustentáveis nas empresas. Sua função principal é desenvolver e implementar estratégias de sustentabilidade alinhadas aos objetivos gerais da organização.
Além disso, o CSO é responsável por monitorar e reportar o desempenho da empresa em relação às metas de sustentabilidade, comunicar-se com stakeholders sobre iniciativas de sustentabilidade, promover uma cultura corporativa voltada à responsabilidade ambiental e social, e identificar e mitigar riscos associados a questões ambientais e sociais.
Em essência, o CSO atua como um catalisador para garantir que a sustentabilidade seja central nas operações e estratégias de negócios da empresa.
Cursos de ESG
Os cursos de ESG servem para educar e capacitar indivíduos sobre os princípios e práticas relacionados ao meio ambiente (Environmental), aspectos sociais (Social) e governança corporativa (Governance) nas empresas. Eles fornecem aos participantes o conhecimento necessário para compreender os desafios e oportunidades associados à sustentabilidade, permitindo que integrem tais princípios nas estratégias de negócios e operações diárias. A formação em ESG também ajuda profissionais a se posicionarem favoravelmente em um mercado de trabalho crescentemente consciente e demandante por práticas responsáveis, além de equipá-los para tomar decisões informadas que beneficiem não apenas os resultados financeiros, mas também a sociedade e o meio ambiente.
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ESG no mercado financeiro
O mercado financeiro, tradicionalmente focado em retornos de investimento e crescimento econômico, está passando por uma profunda transformação com a crescente incorporação de critérios ESG. Esta mudança é motivada tanto pela consciência crescente dos riscos associados às mudanças climáticas, desigualdades sociais e falhas de governança, quanto pelo reconhecimento de que práticas sustentáveis podem levar a retornos financeiros mais resilientes e de longo prazo. Como tal, investidores já estão cientes de como os riscos reputacionais também impactam a performance financeira das empresas.
Cada vez mais, os investidores estão buscando empresas que demonstram compromisso com práticas ESG robustas. Isto acontece uma vez que essas empresas tendem a ser menos vulneráveis a crises ambientais, escândalos de governança ou questões sociais que podem afetar negativamente seu valor de mercado. Fundos e portfólios orientados para o ESG estão crescendo em popularidade, à medida que a demanda por investimentos responsáveis aumenta. Esses fundos não apenas alocam capital para empresas que cumprem critérios ESG, mas também frequentemente superam seus pares tradicionais em termos de retorno sobre o investimento.
Os Investimentos em ESG devem chegar a US$ 53 trilhões até 2025.
Além disso, a integração do ESG no mercado financeiro está levando à criação de novos produtos e serviços financeiros. Títulos verdes, empréstimos vinculados à sustentabilidade e fundos de impacto são apenas alguns exemplos de como o setor financeiro está inovando para atender às demandas de um mundo mais consciente das questões ambientais e sociais.
Desta forma, estes desenvolvimentos não apenas refletem uma evolução na maneira como os investidores veem o valor, mas também sinalizam uma transformação mais ampla em direção a uma economia global mais sustentável e justa.
Fundos de Investimento ESG
Os fundos de investimento ESG selecionam ativos com base em critérios relacionados ao meio ambiente, responsabilidade social e governança corporativa, permitindo que investidores aloquem capital em empresas que não apenas buscam retornos financeiros, mas também demonstram compromisso com práticas sustentáveis e éticas.
Diferenças entre ESG e Investimentos de Impacto
Enquanto os investimentos ESG focam em empresas que operam considerando critérios ambientais, sociais e de governança, os investimentos de impacto visam gerar um impacto social ou ambiental positivo mensurável, além do retorno financeiro, tornando o propósito de causar um impacto benéfico intrínseco à estratégia do investimento.
Investimentos ESG
Os investimentos ESG representam uma abordagem de investimento que integra considerações de desempenho ambiental, social e de governança nas decisões de alocação de capital, com a convicção de que esses critérios podem influenciar o risco e o retorno dos ativos ao longo do tempo.
Cenários de Investimentos ESG no Brasil
No Brasil, o interesse em investimentos ESG tem crescido rapidamente, impulsionado por uma maior consciência ambiental, demanda dos investidores e reconhecimento das empresas de que a sustentabilidade pode oferecer vantagens competitivas e proteger contra riscos emergentes no mercado.
De acordo com matéria da EXAME, 99% dos investidores utilizam as divulgações ESG das empresas como parte de suas decisões de investimento. No entanto, 80% dos investidores entrevistados pela revista declaram que muitas empresas não conseguem explicar de maneira adequada as razões que justificam investimentos em sustentabilidade. Assim, há uma dificuldade na avaliação do investimento.
Como funcionam os Investimentos ESG
Investimentos ESG operam considerando critérios ambientais, sociais e de governança no processo decisório de investimento, avaliando empresas não apenas pelo seu desempenho financeiro, mas também por como gerenciam questões como pegada de carbono, práticas de trabalho, transparência e ética.
Principais índices para Investimento ESG
Os índices ESG são benchmarks do mercado que selecionam e ponderam empresas com base em sua performance em critérios de sustentabilidade e governança, oferecendo aos investidores uma referência clara de como os ativos orientados para o ESG estão se desempenhando em comparação ao mercado mais amplo.
Na B3, a Bolsa de Valores do Brasil, o movimento em direção à sustentabilidade levou à criação de índices específicos que refletem a performance de empresas comprometidas com práticas ESG.
São exemplos de índices ESG na B3:
- ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial): O ISE foi lançado em 2005 e é considerado um dos principais índices de sustentabilidade no Brasil. Ele avalia a performance das empresas listadas na B3 com base em critérios de sustentabilidade, abrangendo dimensões econômica, social, ambiental e de governança corporativa.
- ICO2 (Índice Carbono Eficiente): Este índice foi desenvolvido em parceria com o BNDES e considera as emissões de gases de efeito estufa das empresas. O ICO2 oferece exposição ao IBrX-50 (um índice das 50 ações mais negociadas na B3), mas ponderando os ativos das empresas com base em suas emissões de CO2 e suas práticas de transparência e compromisso em relação a essas emissões.
ESG no Mundo
Globalmente, a consciência sobre a importância do ESG tem crescido exponencialmente. Desde os Acordos de Paris até os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, há uma crescente pressão internacional para que empresas e governos adotem práticas mais responsáveis e sustentáveis. Grandes gestores de ativos internacionais, como BlackRock e Vanguard, têm enfatizado a necessidade de práticas ESG robustas, demonstrando que a sustentabilidade não é apenas uma questão ética, mas também financeira.
ESG no Brasil
O interesse por práticas ESG no Brasil tem crescido notavelmente ao longo dos anos. Empresas nacionais começam a reconhecer que a adoção de práticas sustentáveis e éticas podem não apenas minimizar riscos, mas também abrir novas oportunidades de negócio. A B3, bolsa de valores brasileira, tem promovido iniciativas como o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) para destacar empresas com boas práticas ESG. Além disso, reguladores e instituições financeiras estão progressivamente dando mais ênfase à integração de critérios ESG nas decisões de investimento e gestão.
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ESG na União Europeia
A União Europeia tem sido pioneira na integração de critérios ESG no mundo corporativo e financeiro. Através de regulamentações e diretrizes, a UE tem incentivado empresas a adotarem práticas mais sustentáveis e transparentes. Um marco notável é o Plano de Ação da Comissão Europeia sobre Finanças Sustentáveis, que visa reorientar o capital para uma economia mais sustentável, integrando a sustentabilidade nas decisões de risco do setor financeiro.
ESG em Portugal
Portugal, assim como outros países europeus, tem dado passos significativos na promoção de práticas ESG. Empresas portuguesas estão cada vez mais atentas à sua responsabilidade ambiental e social, especialmente dada a crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis. Adicionalmente, a Euronext Lisbon, bolsa de valores de Portugal, tem incentivado as empresas a adotarem práticas ESG através de iniciativas e índices específicos. A regulamentação e o incentivo a investimentos sustentáveis também têm sido impulsionados pelas diretrizes da União Europeia, das quais Portugal é membro.
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O que é Greenwashing
Greenwashing é uma prática desonesta usada por algumas empresas para parecerem mais ambientalmente amigáveis do que realmente são. Isso pode envolver exagerar os benefícios ambientais de um produto ou serviço, ou minimizar os impactos negativos. Por exemplo, uma empresa pode usar embalagens verdes ou logotipos para dar a impressão de que seus produtos são ecológicos, mesmo que suas práticas reais não sejam sustentáveis.
O Greenwashing é um problema sério porque pode enganar os consumidores e impedir o progresso em direção à sustentabilidade real. As empresas que são pegas praticando greenwashing podem enfrentar consequências significativas, incluindo danos à sua reputação e possíveis sanções legais.
Outras versões de greenwashing já surgiram no vocabulário do mundo dos negócios como governance-washing, blue-washing, etc. É importante ressaltar que o Greenwashing pode ocorrer de maneira não intencional. Isto ocorre quando, por exemplo, uma empresa não está analisando corretamente os indicadores materiais à sua atividade ou quando não conseguem oferecer dados mensuráveis das suas metas, ficando apenas no campo das promessas e das expectativas. Boas práticas na hora de produzir relatórios de sustentabilidade são essenciais para evitar que as empresas comprometam suas reputações diante dos stakeholders.
Conclusão sobre ESG
Concluir sobre “O que é o ESG” implica reconhecer a transformação profunda que esses três pilares – Ambiental, Social e Governança – estão causando no mundo dos negócios e das finanças. O ESG não é apenas uma tendência passageira, mas sim uma resposta essencial e estratégica aos desafios emergentes que nosso mundo enfrenta, desde mudanças climáticas até questões de justiça social e transparência corporativa. As empresas que integram os princípios do ESG em suas operações estão não apenas adotando uma postura ética e responsável, mas também se posicionando de forma resiliente diante de riscos e aproveitando oportunidades em um mercado cada vez mais consciente e exigente. Portanto, entender o ESG é crucial para qualquer stakeholder que deseje participar ativamente da construção de um futuro sustentável e próspero.